EEEFM VICTÓRIO BRAVIM
ALUNO:
ISADORA ULIANA BOLDRINI
8º
ANO V01
CRÔNICA
O BADALAR DO TEMPO
Já
havia amanhecido na pequena cidadezinha do interior. O soprar do vento balançavam
as bandeiras de cores verde, branco e vermelho que ficavam armadas aos postes
espalhados pela pequena vila italiana rodeada pelas montanhas.
Era
domingo de manhã, todos já estavam a caminho da tradicional missa. E a tarde se
iniciava a típica festa da cultura italiana, onde aconteceria o desfile das famílias,
um pequeno cortejo até a festa, com trajes típicos, objetos da época da
imigração e os costumes deixados pelos antepassados.
Sobre
a cama estava minhas vestimentas costuradas pela nonna - como são chamadas as
avós em italiano - e ao lado, um retrato do meu avô e seu pai vindo da Itália,
um objeto de muito valor para mim.
Ouço
o tóim, tóim, tóim. Se passavam alguns minutos e novamente começava o “tóim,
tóim” do sino que badalava sem parar alertando que o típico desfile das famílias
começara. Minha avó a me esperar, e em suas mãos enrugadas, fruto de uma vida
de trabalho e suor, encontrava-se a polenta brusttolada (uma polenta assada na
chapa do fogão à lenha).
Com
os vestidos arrastando na terra úmida, fomos em direção à festa, ansiosas e
também com muitas recordações em nossas memórias. A voz suave da minha nonna
que cantava a canção “Mérica, Mérica” transmitia o verdadeiro amor já vivido
por ela e meu nonno.
Nossos
passos foram apressados pelo sino que ainda continuava a badalar de forma cada
vez mais rápida. Parecia que não chegávamos ao destino. O suor escorria por
nosso rosto. O barulho do trem que passava sobre uma grande linha férrea que
cortava a pequena cidade nos trazia a felicidade e a gratidão de mais uma
missão cumprida.
Á
frente, avistei uma mulher com roupas pretas e em seu cabelo um acessório colorido
anunciando o início do desfile. A música começou a tocar, e a mulher a narrar a
história das famílias. Estávamos em meio àquela multidão tomada pelas fortes
luzes em suas mãos que dispersavam seus olhares junto a fios que cobriam seus
ouvidos.
Vi,
lágrimas escorrendo no rosto da minha nonna, eram as mais sinceras e puras que
já havia visto. Ela olhou-me nos olhos e com suas simples palavras disse:
“Venha, a polenta está pronta”, mas pude ler em seus olhos: “Onde está a cultura
e os costumes que ensinei aos meus filhos, netos e a todos que estiveram
comigo? “.
De
repente avisto em meio tantas luzes um clarão, e tudo se apaga.
-
Acorda, acorda – fala a minha mãe – Está na hora do desfile, seu avô está a sua
espera, com a polenta brusttolada nas mãos.
Abro
meus olhos, molhados pelas lágrimas de simples palavras que escutei a minha
infância inteira e que poderiam ter sido outras, mas que não teriam o mesmo
significado.
A
realidade veio à tona. Era um sonho. A festa começara. Minha avó, dona das mais
lindas histórias e palavras, não estava conosco. Meu avô estava à minha espera
para darmos continuidade, talvez os vestidos que se arrastavam sobre aquela
terra úmida, ou a canção cantada, não era sonho, estava prestes a acontecer.
O
desfile começara, o sino badalava e o badalar do tempo me mostrava que tudo que
um dia alguém semeou, regou e fez crescer, só se mantém vivo se todos
cultivarmos, porque a cultura acaba; no desinteresse, numa manhã, numa tarde de
inverno, no cair das folhas, no balançar das bandeiras, no andar de um trem, no
arrastar de um vestido, no cair de uma lágrima e no badalar do tempo. A cultura
acaba, em qualquer hora, em qualquer lugar e a qualquer momento e a cada
badalada de um sino, a cultura acaba.
EEEFM VICTÓRIO BRAVIM
ALUNO: RAFAEL
8º ANO V01
CRÔNICA
A
FORÇA DO QUERER
Existe um homem no
condomínio onde moro que sobe e desce de uma a cinco vezes por dia o morro em
que moramos. O morro da chegada de minha casa. Ele corta cana, capina, carrega
e descarrega caminhões e até resolve problemas do condomínio.
Quando eu era pequeno sempre
andava com ele. Subíamos e descíamos o morro como se fossem emoções. Quando descia
eu ficava triste porque sabia que teria a subida. Quando voltávamos ficava
feliz por estar indo para casa. Na descida tomávamos cuidado para não
escorregar no cascalho, mas na subida, mesmo com cuidado, cansávamos muito
rápido. A subida e a descida era os altos e baixos da vida.
Na descida e na subida o sol
nos acompanhava e o que sempre percebi nele era ele sempre estar contente e
nunca cansado, estava contente porque estava ajudando aos outros.
EEEFM
VICTÓRIO BRAVIM
ALUNO:
MARIA EDUARDA
8º
ANO V01
CRÔNICA
O
pequeno começo
O vento sopra lentamente no
rosto do pobre trabalhador, ele caminha sobre a terra descalço e suado, a cada
passo um suspiro sentindo o cheiro amargo do ar.
O homem de cor negra chega a
sua casa caindo aos pedaços. Ele mora em um pequeno lugar que começou a ser
construído, sem saneamento básico, com uma pequena escola e uma estação de trem.
Isso é pior que comer o pão
que o diabo amassou, é tudo que ele pensa.
Por um buraco na parede ele
observa a escura noite sem lua. Uma água salgada cai sobre a sua bochecha, teus
olhos vermelhos gritam silenciosamente.
A ansiedade o consome, ele
tem medo, medo de tudo, até do ar que ele respira e o preenche.
Por que?
Ele cai sobre tua cama dura,
feita de madeira, só agora percebi que chora.
Ele desistiu de tentar, de
ser feliz, de viver.
Com medo
Incerto.
Ele chega ao fim.
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