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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

crônicas da Olimpíada de Língua Portuguesa 2019


EEEFM VICTÓRIO BRAVIM


ALUNO: ISADORA ULIANA BOLDRINI
8º ANO V01
CRÔNICA



O BADALAR DO TEMPO
Já havia amanhecido na pequena cidadezinha do interior. O soprar do vento balançavam as bandeiras de cores verde, branco e vermelho que ficavam armadas aos postes espalhados pela pequena vila italiana rodeada pelas montanhas.
Era domingo de manhã, todos já estavam a caminho da tradicional missa. E a tarde se iniciava a típica festa da cultura italiana, onde aconteceria o desfile das famílias, um pequeno cortejo até a festa, com trajes típicos, objetos da época da imigração e os costumes deixados pelos antepassados.
Sobre a cama estava minhas vestimentas costuradas pela nonna - como são chamadas as avós em italiano - e ao lado, um retrato do meu avô e seu pai vindo da Itália, um objeto de muito valor para mim.
Ouço o tóim, tóim, tóim. Se passavam alguns minutos e novamente começava o “tóim, tóim” do sino que badalava sem parar alertando que o típico desfile das famílias começara. Minha avó a me esperar, e em suas mãos enrugadas, fruto de uma vida de trabalho e suor, encontrava-se a polenta brusttolada (uma polenta assada na chapa do fogão à lenha).
Com os vestidos arrastando na terra úmida, fomos em direção à festa, ansiosas e também com muitas recordações em nossas memórias. A voz suave da minha nonna que cantava a canção “Mérica, Mérica” transmitia o verdadeiro amor já vivido por ela e meu nonno.
Nossos passos foram apressados pelo sino que ainda continuava a badalar de forma cada vez mais rápida. Parecia que não chegávamos ao destino. O suor escorria por nosso rosto. O barulho do trem que passava sobre uma grande linha férrea que cortava a pequena cidade nos trazia a felicidade e a gratidão de mais uma missão cumprida.
Á frente, avistei uma mulher com roupas pretas e em seu cabelo um acessório colorido anunciando o início do desfile. A música começou a tocar, e a mulher a narrar a história das famílias. Estávamos em meio àquela multidão tomada pelas fortes luzes em suas mãos que dispersavam seus olhares junto a fios que cobriam seus ouvidos.
Vi, lágrimas escorrendo no rosto da minha nonna, eram as mais sinceras e puras que já havia visto. Ela olhou-me nos olhos e com suas simples palavras disse: “Venha, a polenta está pronta”, mas pude ler em seus olhos: “Onde está a cultura e os costumes que ensinei aos meus filhos, netos e a todos que estiveram comigo? “.
De repente avisto em meio tantas luzes um clarão, e tudo se apaga.
- Acorda, acorda – fala a minha mãe – Está na hora do desfile, seu avô está a sua espera, com a polenta brusttolada nas mãos.
Abro meus olhos, molhados pelas lágrimas de simples palavras que escutei a minha infância inteira e que poderiam ter sido outras, mas que não teriam o mesmo significado.
A realidade veio à tona. Era um sonho. A festa começara. Minha avó, dona das mais lindas histórias e palavras, não estava conosco. Meu avô estava à minha espera para darmos continuidade, talvez os vestidos que se arrastavam sobre aquela terra úmida, ou a canção cantada, não era sonho, estava prestes a acontecer.
O desfile começara, o sino badalava e o badalar do tempo me mostrava que tudo que um dia alguém semeou, regou e fez crescer, só se mantém vivo se todos cultivarmos, porque a cultura acaba; no desinteresse, numa manhã, numa tarde de inverno, no cair das folhas, no balançar das bandeiras, no andar de um trem, no arrastar de um vestido, no cair de uma lágrima e no badalar do tempo. A cultura acaba, em qualquer hora, em qualquer lugar e a qualquer momento e a cada badalada de um sino, a cultura acaba.







EEEFM VICTÓRIO BRAVIM


ALUNO: RAFAEL
8º ANO V01
CRÔNICA

A FORÇA DO QUERER
Existe um homem no condomínio onde moro que sobe e desce de uma a cinco vezes por dia o morro em que moramos. O morro da chegada de minha casa. Ele corta cana, capina, carrega e descarrega caminhões e até resolve problemas do condomínio.
Quando eu era pequeno sempre andava com ele. Subíamos e descíamos o morro como se fossem emoções. Quando descia eu ficava triste porque sabia que teria a subida. Quando voltávamos ficava feliz por estar indo para casa. Na descida tomávamos cuidado para não escorregar no cascalho, mas na subida, mesmo com cuidado, cansávamos muito rápido. A subida e a descida era os altos e baixos da vida.
Na descida e na subida o sol nos acompanhava e o que sempre percebi nele era ele sempre estar contente e nunca cansado, estava contente porque estava ajudando aos outros.

EEEFM VICTÓRIO BRAVIM


ALUNO: MARIA EDUARDA
8º ANO V01
CRÔNICA

O pequeno começo
O vento sopra lentamente no rosto do pobre trabalhador, ele caminha sobre a terra descalço e suado, a cada passo um suspiro sentindo o cheiro amargo do ar.
O homem de cor negra chega a sua casa caindo aos pedaços. Ele mora em um pequeno lugar que começou a ser construído, sem saneamento básico, com uma pequena escola e uma estação de trem.
Isso é pior que comer o pão que o diabo amassou, é tudo que ele pensa.
Por um buraco na parede ele observa a escura noite sem lua. Uma água salgada cai sobre a sua bochecha, teus olhos vermelhos gritam silenciosamente.
A ansiedade o consome, ele tem medo, medo de tudo, até do ar que ele respira e o preenche.
Por que?
Ele cai sobre tua cama dura, feita de madeira, só agora percebi que chora.
Ele desistiu de tentar, de ser feliz, de viver.
Com medo
Incerto.
Ele chega ao fim.


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