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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

texto de memórias

Texto produzido por Nícolas Breda dos Santos para a Olimpíada de Língua Portuguesa 2019



EEEFM VICTÓRIO BRAVIM


ALUNO: Nícolas Breda dos santos
6º ANO V01
MEMÓRIAS LITERÁRIAS

De mãos dadas com o sofrimento
Lembro com muita angústia da minha amarga infância. Foi no tempo que tudo que vivia era sofrido. Lembro-me de todas as manhãs quando meu pai me chamava para junto dele ir à labuta. O Lugar era distante de minha casa, ficávamos o dia inteiro trabalhando no pesado. Às vezes nos emocionavam nos pela triste realidade que estávamos vivendo e as lágrimas escorriam lentamente pela face de meu pai. Minha mãe me deixou aos 10 anos por complicações no parto de sua última filha. Depois de sua triste partida tive ainda mais que me dedicar ao trabalho para ajudar meu pai a zelar por meus irmãos menores. Meu pai ficava entristecido com a morte de minha mãe e ficar sem ver seus filhos durante o dia inteiro ou fazia mais triste.
Em casa podia ver a tristeza refletindo nos olhos de meu pai. Na hora de ir dormir podia o escutar triste e emocionado do outro lado da parede em meio à noite escura e fria. Na escuridão me sentia triste e só. Às vezes, até com um pouco de medo pelo o que nos aguardava no dia seguinte. O despertar não era feliz, pois já sabia do árduo trabalho que viria pela frente, mas foi esse árduo trabalho que fez com que nós saíssemos daquela tão sofrida rotina. O caminho para o trabalho era doloroso, mas naquele momento era preciso, pois não tínhamos alimento suficiente para saciar a fome.
Antes da saída para o trabalho meu pai preparava o café e as marmitas para levarmos ao trabalho. Eu e meus irmãos sentávamos no único banco da cozinha e o esperávamos. Esse tempo parecia uma eternidade, pois ali víamos o sofrimento de nosso pai em ter que se ajeitar sozinho e não deixar que percebêssemos seus sentimentos.
No trabalho, manusear as ferramentas - enxada, foice, machado – era difícil para meus dez anos apenas, mas demonstrar isso a meu pai seria demonstrar derrota. Sempre realizava as tarefas para que o visse feliz.
Na volta para casa é que tínhamos um pouquinho de alegria. Nesse momento sabíamos que teríamos alguns minutos para brincar, mas como não tinha energia logo a noite viria e teríamos que estar prontos para dormir.
A noite com seus estranhos sons nos amedrontava um pouco. Os barulhos dos sapos coaxando, os bacuraus, os bramidos dos macacos – sons feitos pelos macacos- é que quebravam o silêncio, mas o cansaço do dia logo nos levava ao sono profundo.
Naquele tempo a vida era difícil para todos e para um pai viúvo era mais difícil ainda. Estar sozinho na tarefa de criação dos filhos o tornou forte para superar o sofrimento e ver, em alguns momentos, a felicidade de seus dez filhos.;
A vida mudou. Mudou para melhor. Meu pai se casou novamente e eu e meus irmãos ajeitamos nossa vida e hoje temo família.
Sento-me no banco da varanda de minha casa e espero o meu pai fazer o café, mas logo volto a realidade e percebo que hoje eu sou o pai. O pai feliz que criou seus filhos. O pai que deixou para trás as dificuldades. O pai que quis o progresso. O pai que viveu, sofreu e no final venceu.
Texto baseado na entrevista com Laurindo Breda, 62 anos.

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